Se no início de 2014 alguém me dissesse que eu iria
finalmente conseguir deixar de fumar provavelmente eu daria uma
gargalhada bastante sonora. Eu? Largar o cigarro? Meu “amigo” e
companheiro em tantas circunstâncias? O meu anti-stress? Jamais... E
não que não tivesse já tentado, mas porque tinha noção que a
minha dependência se sobrepunha a todos os benefícios que me diziam
poder ter SE eventualmente deixasse de fumar.
Nunca era a altura ideal, havia sempre uma desculpa para não
ser o momento para largar: “Agora não porque ando nervosa pois vou
tirar a carta de condução” ; “Agora não porque tenho um
emprego novo e é muito stressante” ; “Agora não porque o periquito do vizinho fugiu”... E o pior é que eu tinha a perfeita
consciência de que não passavam disso mesmo : Desculpas.
Fumei “a sério” durante 10 anos. E no dia 12 de Janeiro de
2014 enquanto fumava um cigarro, apercebi-me que o meu
“amigo/companheiro de todas as horas” já não era mais “amigo”
e sim havia-se tornado meu dono. Dono porque mandava em mim. Era ele
que me dizia para sair do quentinho e ir à rua fumar, para ao invés
de gastar 10min de pausa a comer ir fumar, para fumar antes de uma
viagem mais longa, para fumar antes de uma viagem mais curta....
resumindo: passei a ser uma marioneta nas mãos de um vício.
Lembro-me de pensar em tudo isto enquanto fumava um cigarro (ao
FRIO) e de me rir com a hipótese de não fumar mais. Comecei a
tentar inverter a situação e a pensar nas coisas boas que me traria
uma vida sem fumo : os €€€ ao fim do mês, mais resistência
física, mais saúde, menos bafo a morto, essas coisas... Pensei
tanto ou tão pouco que quando dei por mim havia acendido outro
cigarro. Fumei-o em 3 “bafos” bem puxados. Fiquei com tanta tosse
que quase vomitei. Sentei-me no banco do comboio (para uma das
viagens longas) e pensei: Pronto, a partir de hoje não fumo mais;
estou enjoada o que significa que é desta. Passados 30 minutos já
tinha vontade de fumar outra vez... a verdade é esta.
No entanto, seguiram-se 2 dias tranquilos sem fumar (máximo
que eu aguentava), o pior foi voltar a casa, à rotina e ao trabalho.
Foi... HORRÍVEL. Tive pesadelos, suores frios, ataques de choro,
ressaca da pior mesmo. Mas não fumei... Não cedi... E andei sempre
com o maço de tabaco na mala, porque a ideia de não fumar por não
ter cigarros era muito pior do que a de não fumar por não querer!
Eles estavam ali... eu não fumava porque não queria!!! Foi
complicado ver os outros à minha volta a fumar, deixei de frequentar
cafés, deixei de socializar com fumadores nos primeiros 2 meses,
depois fui conseguindo ignorar o fumo à minha volta. Hoje, passado 1
ano posso dizer que 95% do tempo eu nem me lembro que alguma vez
fumei!!! No verão fui experimentar o cigarro de uma amiga e
posso-vos dizer que me ia dando uma coisa má... nem consegui por o
fumo para dentro, já para não falar que fiquei com sabor a cinzeiro
na boca! E o que eu gostava de fumar... que bem que me sabia...
Com isto tudo eu espero que haja alguem por aí a precisar de
um empurrão para deixar de fumar. Ponham os olhos no meu caso! Eu
sempre disse que se eu conseguisse deixar de fumar, qualquer pessoa
conseguiria. É uma questão de se mentalizarem que querem! Não
deixem que um cigarro mande em vocês...Custa? Custa... mas vale a
pena!!!! E é possível! Eu conheci pessoas que dizem ter deixado de
fumar sem grande sofrimento, pois o meu caso não foi nada assim!
Sofri p'ra xuxu mas fico muito orgulhosa de mim! :)
Também não sou nada como certos ex-fumadores que andam aí:
agora que não fumam criticam ao máximo os fumadores; nada disso!!!
No meu ponto de vista fuma quem quer, e enquanto a pessoa se sentir
bem com isso, ninguém tem nada que criticar. Este texto não é para
fumadores de bem com a sua situação, é para fumadores que se
sentem motivados a largar o vício. Lembrem-se que nós somos aquilo
que quisermos ser... a vontade tem de ser genuína e vir de dentro...
e tudo se consegue!!!
No que precisarem de mim... é só chamar :)
Bêzuhhh
Mia